Foto: Miguel, Mirtes e Sarí Fonte: Canal Papo de Preta
A ex-empregada Mirtes Renata Santana de Souza sofre com a perda do menino Miguel há cinco anos. Em 2020, quando a patroa de sua mãe, Sarí Corte Real, o deixou sozinho em um elevador de serviço, o menino caiu da varanda de um prédio de luxo em Recife. Miguel tinha apenas 5 anos e só queria ver sua mãe, que desceu para passear com o cachorro de sua chefe pelo bairro.
”Não foi fácil. Foi um crime violento. As memórias são mais dolorosas”, diz Mirtes sobre o caso.
Mirtes transformou a dor em luta. Mulher negra e periférica, ela exige justiça pela morte de seu filho Miguel, critica o tribunal de Pernambuco pelo atraso na decisão e afirma ser vítima de discriminação racial do lado judicial.
Sarí Corte Real era a primeira-dama de Tamandaré e patroa da mãe de Miguel, Mirtes Renata, que trabalhava como empregada doméstica no apartamento do casal.
O que Sarí Corte Real alegou publicamente:
Sarí sempre negou ter tido a intenção de causar a morte de Miguel. Publicamente, ela afirmou que não teve culpa no ocorrido, dizendo que houve uma fatalidade e que não imaginava que Miguel estaria em risco ao deixá-lo subir sozinho no elevador. Ela alegou ainda que estava em meio a atividades do dia a dia e que não teve a intenção de se omitir de cuidar do menino.
Em seu depoimento, e também por meio de sua defesa, ela sustentou que acreditava que Miguel voltaria ao apartamento, como já teria feito antes, e que a responsabilidade total não seria dela. Ainda assim, ela chegou a ser presa em flagrante por homicídio culposo, mas pagou fiança e respondeu em liberdade.
Condenação:
Em maio de 2022, Sarí Corte Real foi condenada pela Justiça de Pernambuco a 8 anos e 6 meses de prisão em regime fechado, pelo crime de abandono de incapaz com resultado em morte. A defesa recorreu da decisão e, por isso, ela ainda responde em liberdade.
O caso gerou grande repercussão no Brasil, por envolver temas como racismo estrutural, desigualdade social e negligência de empregadores em relação a trabalhadores domésticos. Também causou grande comoção pública por ter ocorrido durante a pandemia de Covid-19, quando muitas domésticas continuavam trabalhando presencialmente em condições precárias.
Veja abaixo o depoimento de Mirtes ao jornal Carta Capital:






