Foto: Gerada por inteligência artificial
Ao longo das últimas três décadas, a participação da indústria extrativa (mineração e petróleo) no valor adicionado ao PIB cresceu abruptamente — passando de 0,7% para 4,2%, um aumento de cerca de seis vezes.
No mesmo período, o setor de construção sofreu um forte declínio, reduzindo sua fatia de 7% para 3,6% do PIB.
Também houve retração na indústria de transformação, que combina matéria‑prima para produzir bens como alimentos, vestuário e veículos: sua participação caiu de 16,8% em 1995 para 14,4% em 2024 — ainda a maior entre as atividades industriais.
Outro segmento industrial, que envolve eletricidade, gás, água, esgoto e gestão de resíduos, registrou uma leve alta, passando de 2,4% para 2,6% do PIB no mesmo intervalo.
Segundo o IBGE, essas mudanças são refletidas nos valores correntes, ou seja, incluem variações de volume e preço — o que significa que um setor pode crescer em valor mas perder participação de outros segmentos crescerem mais rápido.
Especialistas da CNI destacam que a queda da construção foi influenciada por baixos investimentos em infraestrutura, problemas regulatórios, restrições fiscais, juros altos e dificuldades no mercado imobiliário. Em paralelo, o setor extrativo foi favorecido pelo aumento da demanda externa por commodities e pela valorização de preços, o que atraiu investimentos, dizeres da CNI.
Economistas também apontam que a indústria extrativa foi impulsionada pelas exportações de minério à China e pela exploração do pré‑sal, iniciada em 2008. Já a construção e a manufatura foram mais afetadas por crises econômicas e baixo crescimento da demanda interna.
“A indústria da construção é diretamente impactada pela alta da Selic… a demanda diminui” — destacou o economista Marcelo Azevedo da CNI, explicando como juros elevados repercutem em toda a cadeia produtiva, do consumidor ao fornecedor de insumos.
No cenário geral, a indústria como um todo viu sua participação no PIB encolher de 27% para cerca de 24,7% entre 1995 e 2024. Em compensação, o setor de serviços cresceu de 67,2% para 68,8% e o da agropecuária subiu de 5,8% para 6,5% do PIB.
Após décadas no setor, Abdon Leôncio da Silva encara dificuldades inéditas em sobrevivência no ofício.
“Em 30 anos, tenho dificuldade para me lembrar de um período de crise na construção tão ruim quanto o biênio entre 2016 e 2017.” Relatou o carpinteiro em entrevista ao portal Uol.






