Fernando Haddad fazendo um discurso à mídia em Buenos Aires, onde a cúpula do Mercosul está sendo realizada. Reprodução das mídias digitais
Na quarta-feira (2), o ministro das Finanças, Fernando Haddad, referiu-se à crise relacionada ao imposto comercial (IOF), quando participou da cúpula do Mercosul na Argentina, e à reação do parlamento ao aumento da taxa de imposto. Apesar do desgaste público e da justificativa da questão, Haddad negou o descontentamento institucional e disse que a administração ficou surpresa com a decisão do Congresso.
“Não foi o poder executivo que deixou a mesa de negociações. Estávamos na mesa, e eu pensei que havia um conhecido. Ficamos surpresos quando não fomos chamados para interromper as negociações”, disse ele. A declaração foi feita sob a influência da decisão do Procurador-Geral Federal (AGU) de instruir a Suprema Corte (STF) a cancelar o decreto presidencial que aumentou o IOF. A ação foi interrompida pelo projeto legislativo (PDL) aprovado pela Câmara dos Representantes e pelo Senado.
Haddad rejeitou a decisão do governo de recorrer à Suprema Corte e argumentou que era aconselhamento jurídico. O presidente Lula questionou se ele havia cometido atos ilegais e enviou uma questão legítima e ilegítima à Suprema Corte. “Isso não deve prejudicar o espírito de ninguém. Buscar justiça quando há uma lacuna entre o poder faz parte da democracia”, disse ele.
O ministro também enfatizou que o relacionamento com o parlamento deve ser funcional e respeitado. “Eu não reclamo do parlamento. Houve uma mudança em todas as propostas econômicas que enviamos – e isso é típico da democracia. O que é incomum é a violação do acordo que assinamos anteriormente, como aconteceu neste caso”, disse ele.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou mais diretamente ao se referir ao episódio. Em uma entrevista na Bahia, Lula disse que a promessa dos líderes do Congresso foi uma violação: “O erro foi uma violação do acordo assinado na casa do prefeito Hugo Motta na noite de domingo. Havia um ministro, um deputado e um técnico financeiro. O acordo foi marcado com um sorriso e abraços. E na terça-feira tudo mudou”, criticou ele.
No entanto, Lula negou a pausa com a legislatura: “O poder da república não foi cortado. Todos têm seus próprios direitos. Quando há desentendimentos, decisões judiciais”, disse ele.
A ação judicial do caso no Palácio do Planalto provocou a feroz oposição do parlamento. Na época, os legisladores da oposição acusaram o governo de “invadir o poder da legislação”. No entanto, o ministro Haddad argumentou que isso não era um confronto político, mas uma questão técnica e constitucional.
“Eles querem fazer uma crise, mas é uma discussão legal legítima. O importante é manter a estabilidade institucional e garantir que as políticas econômicas não terminem em um impasse”.






