O ex-ministro de Dilma depôs por recomendação do almirante Almir Garnier, que foi acusado de participar do plano de golpe de Bolsonaro. Ao testemunhar perante a Suprema Corte (STF) na sexta-feira (23), o ministro Alexandre de Moraes repreendeu e ameaçou prender o ex-ministro e ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo.
Rebelo foi o último a testemunhar como testemunha de um julgamento no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores foram acusados de tentar um golpe.
Ele foi escolhido pelos advogados do ex-almirante Almir Garnier, o ex-chefe da Marinha, e foi questionado por acusações de que o então comandante havia dito que colocaria soldados à disposição de Bolsonaro para realizar uma tentativa de golpe.
O objetivo da pergunta era determinar se o comandante naval poderia mobilizar o exército por conta própria por meio de uma decisão coletiva do ponto de vista da testemunha. O advogado queria mostrar que isso era impossível.
Durante o depoimento, Rebelo respondeu a uma pergunta do advogado de Garnier, que perguntou ao ex-ministro se seria possível ao comandante da Marinha reunir os efetivos da Marinha numa decisão neutra. Ele disse:
“É preciso ter em conta que na língua portuguesa sabemos o que é mais utilizado: o poder da expressão. “O poder da fala nunca pode ser tomado à letra”, disse.
“Se alguém diz ‘Estou frito’, não significa que esteja em apuros. Se diz ‘forte’, não significa que esteja sob pressão real. Se alguém diz ‘Tenho a tua força’, essa afirmação não tem de ser interpretada como uma palavra”, respondeu Rebelo.
Foi então que o ministro Alexandre de Moraes interveio e o repreendeu.
“O senhor estava lá quando o Almirante Garnier disse isso?” perguntou.
A isto, Rebelo respondeu negativamente, e Moraes continuou:
“Então ainda não está qualificado para julgar português. Por favor, baseie o seu julgamento nos fatos.”
O ministro respondeu.
Ele respondeu: “Em primeiro lugar, adoro a língua portuguesa e não aceito a censura.”
Moraes: “Se se comportar de forma inadequada, será considerado em desacato ao tribunal.”
Rebelo: “Como está?”
Morais: “Então, por favor, comporte-se e responda à pergunta. A testemunha não pode revelar o seu valor para a pergunta, mas é livre de dar uma resposta estratégica.”
Por fim, Aldo Rebelo respondeu que os comandantes não podiam convocar tropas unilateralmente.
“Toda a cadeia de comando das forças armadas deve ser consultada com toda a cadeia de comando envolvida”, disse o ex-ministro.
Segundo o mesmo, trata-se de uma cadeia de comando que passa por várias estruturas, como o Comando de Operações Navais e o Comando de Esquadrões da Força Aérea.
Moraes frisou que Rebelo não podia garantir uma resposta à questão.
“Não tenho qualquer conhecimento técnico para provar que só a Marinha poderia ter dado um golpe”, enfatizou. “É um historiador brilhante. Sabia que, em 1964, não consultou toda a cadeia de comando. Não podemos especular. É um civil. É o ministro da Defesa, mas, afinal, é um civil.”
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a ouvir as testemunhas de defesa dos acusados Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e Habitação Pública, na passada sexta-feira (23). Esta ação investiga a tentativa de golpe prevista pela liderança do ex-Presidente Jair Bolsonaro.
A fase iniciou-se esta segunda-feira (19) com a audição de testemunhas de acusação, selecionadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Espera-se que o depoimento das testemunhas do arguido se mantenha ao longo da próxima semana. Há mais de 50 nomes apontados pelos advogados do general Augusto Heleno, ex-primeiro-ministro do GSI; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública; e Jair Bolsonaro — integrantes do chamado núcleo da tentativa de golpe.
Já foram ouvidos o Diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o antigo Comandante do Exército General Freire Gomes, o antigo Comandante do Exército Brigadeiro Baptista Júnior, entre outros.
Confirmaram que Bolsonaro estava envolvido num plano para continuar a governar mesmo após ter perdido as eleições de 2022.






