Foto: Mauro Cid Legenda: Jovem Pan
A Suprema Corte (STF) retirou o mandado de prisão do tenente-coronel Mauro Sid. O anúncio da detenção do ex-assistente de mandado (PL) de Jair Bolsonaro se espalhou na mídia, mas a Suprema Corte logo anulou a decisão.
Agentes federais foram à casa de Cid e confiscaram seu celular novamente. O tenente deve participar de uma nova audiência na sede da Polícia Federal (PF) em Brasília nesta sexta-feira (13).
Durante seu interrogatório no STF, Mauro Cid fez as seguintes declarações em sua defesa, ou em resposta a perguntas:
- Sobre uso de perfil falso em rede social: Questionado pelo advogado de Bolsonaro se havia usado um perfil no Instagram que não estava em seu nome para falar da delação, Cid negou. No entanto, ao ser perguntado se conhecia um perfil chamado “@gabrielar702”, ele gaguejou e disse não saber se era de sua esposa. Reportagens da revista Veja indicam que ele teria mentido, pois mensagens obtidas mostram Cid usando um perfil para criticar a investigação e Alexandre de Moraes.
- Sobre pressão e objetivo dos investigadores: Cid afirmou que se sentiu pressionado e que os investigadores tinham um objetivo preestabelecido: prender o ex-presidente. Ele relatou que “queriam colocar palavras na [sua] boca” durante os depoimentos e que pedia para trocar as frases.
- Críticas a Alexandre de Moraes: Cid teceu críticas constantes a Moraes, chamando-o de “cão de ataque” e dizendo que “já tem a sentença pronta” e “não precisa de prova, só de narrativas”. Ele afirmou que Moraes “tem talento”, mas para ser um “grande pensador Netflix”.
- Sobre o cenário político e prisões: Cid demonstrou resignação, afirmando “Eu acho que já perdemos”. Ele chegou a mencionar que os coronéis da Polícia Militar do DF pegariam 30 anos de prisão e que, em seguida, seria a vez deles. Uma das alternativas para evitar as prisões, segundo ele, seria um movimento conduzido pela cúpula do Congresso (“Só o Pacheco ou o Lira vai nos salvar”).
- Sobre as acusações de golpe contra Bolsonaro: Cid fez questão de deixar claro nas mensagens que não fez acusações de golpe contra Jair Bolsonaro, afirmando “Eu falava que o PR [Presidente] não iria fazer nada”.
- Sobre a minuta do golpe: Cid afirmou que Bolsonaro “enxugou o documento”, basicamente retirando as autoridades das prisões, e que “somente o senhor [Alexandre de Moraes] ficaria como preso”.
- Sobre reuniões e críticas a Moraes: Ele disse que, em encontros informais, o grupo fazia muitas críticas a Moraes, com “os mesmos xingamentos” que o ministro recebe, em “conversas de bar”.
- Negativa de participação ativa: Mauro Cid negou que as acusações contra ele sejam verdadeiras. Ele afirmou ter presenciado os fatos mencionados na denúncia da PGR, mas que não participou ativamente deles.
- Sobre a recusa de Bolsonaro em desmontar acampamentos: Cid afirmou que Bolsonaro “não queria que o pessoal saísse das ruas”, acreditando em fraude nas urnas ou apoio das Forças Armadas, mas que ele, Cid, não via indícios de fraude.
- Sobre o vazamento de áudios: Ele descreveu o vazamento dos áudios como um momento difícil, que gerou uma “crise pessoal e até psicológica muito grande”, com fotos pessoais vazadas e sua carreira desabando.
É importante notar que, segundo a imprensa, há indícios de que Mauro Cid teria mentido em seu interrogatório sobre o uso de redes sociais e as conversas que teve fora do âmbito da delação. A defesa de Bolsonaro também alega que Cid “mentiu e tem memória seletiva”, e que inventou uma reunião com empresários.






