A. Conectando Vozes e Ideias: Softwares de reconhecimento de voz e aplicativos de comunicação alternativa
Essas tecnologias capacitam indivíduos com deficiências de fala, auditivas ou motoras a se comunicarem de forma eficaz e a participarem ativamente em ambientes profissionais.
No campo do reconhecimento de voz, ferramentas impulsionadas por inteligência artificial, como o Voiceitt, convertem a fala atípica em áudio compreensível.17 Isso permite que usuários com dificuldades de fala, decorrentes de condições como paralisia cerebral ou Parkinson, interajam de forma mais eficaz com dispositivos digitais.17 A tecnologia facilita a participação em reuniões virtuais, com integrações a plataformas como WebEx e ChatGPT, e planos para Zoom e Microsoft Teams, atuando como uma “rampa para cadeiras de rodas para o local de trabalho remoto moderno”.17 Ela também permite que os usuários realizem tarefas digitais por voz, como escrever documentos, compor e-mails e navegar na web.17
Para a comunicação alternativa e aumentativa (CAA), diversas aplicações estão disponíveis. O TelepatiX CAA (para Android) oferece um teclado otimizado para escrever e vocalizar frases.18 O Virginia ajuda deficientes (Android) permite que usuários façam solicitações vocais por meio da síntese de fala.18 O LetmeTalk (Android e iOS) possui um banco de dados com mais de 9.000 imagens para formar frases significativas.18 Outros aplicativos brasileiros, como o Expressia, oferecem pranchas de comunicação digitais intuitivas e personalizáveis com imagens, sons e vocalização.19 Matraquinha, Livox, Falando Fotos, Pictotea e Boardmaker 7 são exemplos adicionais que facilitam a expressão para indivíduos com transtorno do espectro autista (TEA), paralisia cerebral ou outras deficiências de comunicação.19
A tradução de linguagem de sinais também tem avançado significativamente. O Hand Talk apresenta o avatar Hugo, que traduz texto e voz do português para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), permitindo a comunicação entre ouvintes e surdos.18 O Spread The Sign é um dicionário de linguagem de sinais global que traduz palavras em diversas línguas de sinais por meio de vídeos.18 Além disso, a UNESP e a Unicamp estão desenvolvendo aplicativos de comunicação baseados em inteligência artificial para traduzir LIBRAS para o português e converter texto para Braille, utilizando avatares para reproduzir fielmente os movimentos da linguagem de sinais.9
A capacidade da inteligência artificial de criar modelos de voz personalizados, como no Voiceitt 17, e a tradução de LIBRAS com avatares 9 representam um avanço crucial em relação às ferramentas de acessibilidade genéricas. Essa personalização permite que a tecnologia se adapte aos padrões de comunicação únicos de cada usuário, tornando as interações mais naturais e eficientes. A integração com plataformas amplamente utilizadas como WebEx, Zoom e Microsoft Teams 17 é vital para a participação em tempo real e sem interrupções em ambientes de trabalho digitais e colaborativos. Essa personalização e integração são fundamentais para locais de trabalho verdadeiramente inclusivos, permitindo que indivíduos com deficiências de fala ou auditivas participem de conversas, reuniões e interações digitais com maior confiança e menor esforço, abrindo portas para funções que antes eram inacessíveis e promovendo um ambiente de colaboração mais equitativo e produtivo. Além disso, reduz a necessidade de intervenção humana constante, fomentando maior independência e diminuindo o estigma frequentemente associado a ferramentas especializadas.
B. Mobilidade e Interação Aprimoradas: Próteses inteligentes, dispositivos de controle ocular e soluções avançadas de mobilidade
Essas inovações capacitam as PcD a navegar em seus ambientes físicos, interagir com a tecnologia e realizar tarefas que exigem manipulação física com maior facilidade e independência.
No campo das próteses inteligentes, a pesquisa brasileira está focada em soluções mais acessíveis e eficientes. A UNESP, por exemplo, está investigando próteses de bambu, que são mais leves e econômicas, e desenvolvendo uma joelho artificial.7 A startup Amparo Prosthetics também se dedica à criação de soluções protéticas acessíveis.20 A engenharia e a robótica estão contribuindo para o avanço dessas tecnologias, melhorando a qualidade de vida das PcD.21
Para dispositivos de controle ocular e outras formas de interação sem as mãos, o programa “Informática Educativa” já adaptava equipamentos de computador como telas sensíveis ao toque.22 Além disso, o eSSENTIAL Accessibility permite o controle do cursor com movimentos faciais ou comandos de voz, uma funcionalidade que pode ser estendida para a tecnologia de rastreamento ocular.18
As soluções avançadas de mobilidade estão revolucionando a forma como as PcD se deslocam e interagem no trabalho. A empresa WHILL produz veículos elétricos de mobilidade pessoal que facilitam o movimento tanto em ambientes internos quanto externos.20 A Phoenix Instinct desenvolveu uma cadeira de rodas de fibra de carbono mais leve, com um eixo móvel que ajusta automaticamente o centro de gravidade para evitar acidentes por desequilíbrio, oferecendo maior estabilidade e agilidade.20 O Projeto EMA (Empowering Mobility & Autonomy) desenvolveu uma tecnologia que permite a paraplégicos pedalar com suas próprias pernas por meio de estimulação elétrica muscular, com potencial para mobilidade no local de trabalho.20 A USP está desenvolvendo cadeiras de rodas motorizadas e exoesqueletos mais leves e resistentes, buscando uma melhor relação custo-benefício.9 O “Projeto Feeng” (Cadeira de Rodas Inclusiva) foca no design ergonômico e na adequação postural, princípios que podem ser aplicados a soluções de assento no ambiente de trabalho para adultos.22
Auxílios de navegação também são cruciais. A Bengala Eletrônica, desenvolvida no Brasil, utiliza sensores para alertar o usuário sobre obstáculos acima da cintura por meio de vibrações e sons, aumentando a segurança de pessoas com deficiência visual.22 A WeWALK é uma bengala inteligente que se integra a smartphones para uso de mapas e controle de voz, alertando sobre obstáculos na altura do peito.20 Além disso, Totens Localizadores são projetados para pessoas com deficiência visual em grandes espaços abertos, emitindo sinais sonoros e fornecendo informações em Braille para localização precisa.22
Os exemplos apresentados demonstram uma abordagem abrangente à acessibilidade, onde tecnologias como bengalas inteligentes e totens localizadores abordam a navegação física no ambiente de trabalho, enquanto o controle ocular e as interfaces adaptadas de computador focam na interação digital.18 O desenvolvimento de exoesqueletos e cadeiras de rodas avançadas 7 impacta diretamente a presença física e o movimento. Essa convergência de acessibilidade física e digital é crucial, pois para muitas funções modernas, tanto a presença física quanto a interação digital são essenciais. Ao abordar ambas simultaneamente, essas tecnologias permitem que as PcD realizem uma gama mais ampla de tarefas, desde a navegação no escritório até a operação de sistemas digitais complexos, aumentando significativamente sua empregabilidade e produtividade em diversas indústrias. O foco na acessibilidade de custos, como as próteses de bambu e a busca por melhor custo-benefício em cadeiras de rodas, é igualmente vital para a adoção generalizada e o acesso equitativo.
C. Acessibilidade Digital e Cognitiva: Ferramentas que tornam o ambiente digital e o aprendizado acessíveis para todos
No ambiente de trabalho cada vez mais digitalizado de hoje, as ferramentas de acessibilidade digital são cruciais para garantir acesso igualitário à informação e aos sistemas. Além disso, os auxílios cognitivos apoiam o aprendizado e a execução de tarefas.
Para ferramentas de acessibilidade digital, a OrCam oferece dispositivos vestíveis de inteligência artificial que leem textos e identificar rostos e objetos para pessoas com deficiência visual.20 As soluções da NNSolutions, como NN Color e NNMoney ID, são aplicativos móveis que permitem a usuários com deficiência visual ler textos impressos, identificar cores e notas monetárias, com recursos de acessibilidade como atalhos e compatibilidade com leitores de tela.22 O Dirce é um programa que gera e reproduz audiolivros no padrão Daisy, permitindo a navegação por páginas, capítulos e acesso simultâneo a texto, imagem e som.22
A Suíte de Acessibilidade do Android oferece um conjunto abrangente de ferramentas, incluindo o Menu de Acessibilidade, Selecionar para Ouvir (que lê o conteúdo da tela), Acesso com Interruptor (para interação sem o touchscreen) e o Leitor de Tela TalkBack.18 O Google BrailleBack conectar smartphones a terminais Braille via Bluetooth.18 O eSSENTIAL Accessibility é um navegador que permite o controle do cursor com movimentos faciais ou comandos de voz.18 O Motrix é um programa gratuito que permite o controle do mouse e de aplicativos Windows por comandos de voz, ideal para pessoas com deficiências motoras severas.18 A Microsoft também integra recursos de acessibilidade em seus produtos principais, como Windows, Microsoft 365 e Microsoft Teams, e oferece uma ferramenta de IA chamada “Ask Microsoft Accessibility”.23
No que diz respeito a auxílios cognitivos e de aprendizado, o Multiplano é um recurso didático físico e virtual que permite a estudantes com deficiência visual compreender conceitos matemáticos por meio do tato e da audição.22 O Holos – Sistema Educacional é uma ferramenta educacional interativa que pode ser adaptada para o desenvolvimento cognitivo, sócio afetivo, motor e linguístico, com potencial para treinamento no local de trabalho.22 O Duche Ville é um jogo eletrônico para reabilitação da Distrofia Muscular de Duchenne, cujos princípios podem ser aplicados a treinamentos gamificados no ambiente de trabalho.22 O Domlexia é um aplicativo de jogo para crianças com dislexia ou dificuldades de aprendizado, visando melhorar a consciência fonológica.18 Por fim, o Boardmaker 7 oferece atividades e tarefas de comunicação alternativa, dedicadas à educação inclusiva, suporte médico/reabilitação e vida diária.19
A abordagem da Microsoft de incorporar recursos de acessibilidade diretamente em produtos centrais como Windows, Microsoft 365 e Teams 23, juntamente com a abrangente Suíte de Acessibilidade do Android 18, sinaliza uma tendência crucial em direção ao design universal. Isso significa que a acessibilidade não é um recurso adicional, mas uma parte intrínseca da funcionalidade principal da tecnologia, tornando-a mais facilmente utilizável por todos, incluindo as PcD. Essa integração reduz o estigma associado ao uso de ferramentas “assistivas” e torna a tecnologia mais universalmente acessível. No local de trabalho, isso se traduz em menor necessidade de configurações especializadas e acesso mais imediato a ferramentas profissionais padrão, promovendo maior inclusão e produtividade para as PcD sem exigir adaptações extensas, caras ou demoradas. Também aumenta significativamente a probabilidade de adoção generalizada por parte das empresas, pois a acessibilidade se torna um recurso padrão em vez de uma personalização dispendiosa.






