No decorrer da análise dos dados presentes no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, a Polícia Federal descobriu uma série de mensagens em grupos de WhatsApp que abordavam abertamente a possibilidade de um golpe no país após as eleições do ano passado, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva derrotou Bolsonaro. Em uma das conversas, o tenente-coronel Gian Dermário da Silva, comandante do 7º Batalhão de Infantaria de Selva do Exército Brasileiro, defendeu a necessidade de uma ação por parte do presidente e das Forças Armadas.
Segundo o tenente-coronel Gian, essas conversas tratavam-se apenas de conjecturas e possibilidades, uma vez que os militares estudavam diversos tipos de conflitos ocorridos no mundo atualmente. Ele ressaltou que confiava nas tropas, independente da adesão ou não de seus comandantes, e expressou preocupação com a segurança das famílias dos militares.
— Não me lembro (direito), mas são só conjecturas, possibilidades, pois estudamos muito os vários tipos de conflitos atuais que ocorrem atualmente pelo mundo, em todos os aspectos. É a nossa profissão, estudar essas variações atuais, apenas isso — afirmou o militar ao ser questionado pelo GLOBO sobre as mensagens.
No grupo, também participou o coronel Márcio Nunes de Resende Júnior, comandante do 1º Batalhão Logístico de Selva, que afirmou que se Bolsonaro acionasse o artigo 142 da Constituição, não haveria quem pudesse conter as tropas. É importante ressaltar que a interpretação distorcida desse artigo como poder moderador já foi refutada pelo comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen.
Além disso, o grupo fazia referências jocosas ao ministro Alexandre de Moraes, e em uma das mensagens, um dos membros chegou a ameaçá-lo diretamente. Essas atitudes levantam preocupações sobre o respeito às instituições democráticas.
Em nota, o Exército Brasileiro afirmou que as opiniões e comentários pessoais presentes nas mensagens não representam o pensamento da cadeia de comando nem o posicionamento oficial da instituição. Destacou ainda o compromisso do Exército com a legalidade e o respeito aos preceitos constitucionais, enfatizando que eventuais condutas individuais consideradas irregulares serão tratadas no âmbito judicial, observando o devido processo legal.
_ Opiniões e comentários pessoais não representam o pensamento da cadeia de comando do Exército Brasileiro e tampouco o posicionamento oficial da Força. Como Instituição de Estado, apartidária, o Exército prima sempre pela legalidade e pelo respeito aos preceitos constitucionais. Os fatos recentes somente ratificam e comprovam a atitude legalista do Exército de Caxias. Eventuais condutas individuais julgadas irregulares serão tratadas no âmbito judicial, observando o devido processo legal. Na esfera administrativa, as medidas cabíveis já estão sendo adotadas no âmbito da Força. _ declarou.
É fundamental compreender que esse caso traz à tona debates sobre o futuro político do Brasil. Contudo, é importante respeitar o princípio da presunção de inocência e aguardar os desdobramentos legais e institucionais para uma análise mais aprofundada da situação.






