Segundo dados divulgados ontem pela Cadúnico, o número de pessoas em situação de rua cresceu no mês de março na grande São Paulo. De acordo com a pesquisa levantada pelo órgão do governo federal, o estado possui agora mais de 62 mil pessoas desabrigadas.
Em comparação com o primeiro trimestre de 2023, o acréscimo foi de 1,8%. A Rede Globo de televisão mostrou em uma pesquisa que 53.188 pessoas moram nas ruas de São Paulo capital, no interior esse número varia entre 1.200 a 1.166.
Um estudo realizado por estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou que mais de 206 mil pessoas moram nas ruas do país. A universidade utilizou informações fornecidas pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (dados referentes a fevereiro de 2023), estima-se que o Brasil possua aproximadamente 206.044 pessoas cadastradas no Cadastro Único em situação de vulnerabilidade nas ruas.
De acordo com o coordenador do POLOS-UFMG, durante o último trimestre de 2022, houve uma exigência por parte do governo de Jair Bolsonaro (PL) para a implementação de medidas de atualização do Cadastro Único (CadÚnico), o que resultou na interrupção da atualização dos números. No entanto, segundo o coordenador, o governo de Lula (PT) retomou a promoção do cadastro, levando a um aumento nos números novamente.
“Nós não sabemos se, de fato, mais pessoas passaram a viver nas ruas a partir de novembro. O que nós vimos é que ano passado, simplesmente em três meses (outubro, novembro e dezembro), mais de 25 mil pessoas haviam sido sumariamente excluídas do CadÚnico. Agora, aos poucos estão voltando a aparecer”, apontou André Luiz Dias.
O Rio de Janeiro, tanto a capital quanto o estado, apresentam números significativos, com 12.752 e 18.812 pessoas em situação de rua, respectivamente. Belo Horizonte, no Estado de Minas Gerais, registrou 11.111 pessoas, enquanto Salvador, na Bahia, contabilizou 7.279. Brasília, no Distrito Federal, possui 7.129 pessoas em situação de rua.
Uma análise da série histórica revela um aumento contínuo ao longo dos anos. Em 2012, havia 12.775 registros no CadÚnico, número que mais do que quadruplicou em 2023. Os dados apontam um crescimento gradual, com incrementos expressivos a cada ano, com exceção de 2021, quando houve uma redução para 158.057 registros. No entanto, em 2022, o número voltou a subir, alcançando 191.896 pessoas em situação de rua. Essa tendência se manteve em fevereiro de 2023, quando o registro atingiu 206.044, representando um aumento de 7,4% em relação ao trimestre anterior.
Esses números reforçam a necessidade de políticas públicas efetivas para lidar com a questão da população em situação de rua no país. A problemática exige ações integradas e abordagens multidisciplinares, visando à promoção da inclusão social e ao atendimento das necessidades básicas dessas pessoas, garantindo-lhes dignidade e oportunidades para uma vida melhor.
“Lembro-me das noites frias em que me encolhia em um canto qualquer, tentando me aquecer com poucas roupas que possuía. A fome era constante, e a busca por comida e abrigo consumia a maior parte do meu tempo. Sentia-me invisível, excluído da sociedade, como se não tivesse mais valor algum. No entanto, a vida reservou uma virada surpreendente para mim. Durante um momento de extrema vulnerabilidade, encontrei uma pessoa bondosa que me estendeu a mão. Essa pessoa me ofereceu apoio, abrigo temporário e, acima de tudo, esperança. Foi esse ato de bondade que mudou meu destino. A partir desse ponto, decidi que minha experiência não seria em vão. Tornei-me determinado a ajudar outras pessoas que estavam passando pelo que eu passei. Busquei ajuda, participei de programas de reintegração social e capacitação profissional. Com muito esforço e apoio de diversos profissionais e organizações, reconstruí minha vida.” relata João Silva, de 42 anos, um ex-morador de rua dedicado a ajudar pessoas que enfrentam essa mesma situação.






