O caso de Jéssica Vitória Dias Canedo, uma jovem de 22 anos que morava em Araguari, a 670 km de Belo Horizonte, é um exemplo trágico do impacto negativo que a internet e as redes sociais podem ter na vida das pessoas. Jéssica, que lutava contra a depressão, foi alvo de perseguição online após boatos infundados sugerirem um relacionamento entre ela e o humorista Whindersson Nunes. A repercussão desses boatos levou a uma investigação policial para determinar se houve algum tipo de indução ao suicídio, que culminou na morte da jovem.
O delegado Felipe Oliveira, que lidera a investigação, esclareceu que a legislação brasileira só pune a instigação ao suicídio quando o autor age com a consciência e a vontade de que a vítima cometa suicídio, ou seja, quando há dolo. No entanto, ele ressaltou que isso não exclui a possibilidade de responsabilidade civil ou de outros tipos de responsabilidade por parte de pessoas ou órgãos de imprensa que divulguem ou compartilhem notícias falsas.
“Caso haja falsidade ideológica ou qualquer crime contra a honra, será alvo de uma investigação separada.” Menciona o delegado.
Nesse contexto, as palavras do deputado Nikolas Ferreira, conhecido por suas opiniões polêmicas, podem ser interpretadas como um alerta sobre a necessidade de regulamentação mais rigorosa das redes sociais e dos sites de notícias. Ele argumenta que a liberdade de expressão não deve ser usada como desculpa para disseminar informações falsas que possam causar danos irreparáveis a indivíduos vulneráveis.
“O que aconteceu não foi fake news mas sim difamação. Há uma tipificação no código penal.” Argumentou o deputado Bolsonarista em um vídeo publicado em sua conta oficial do Instagram.
Por outro lado, a mãe de Jéssica, Inês Oliveira, em um relato emocionante divulgado antes da morte da filha, afirmou que Jéssica estava sendo vítima de mentiras. Ela destacou que a situação estava agravando a depressão da jovem, evidenciando o impacto devastador que a disseminação de informações falsas pode ter na saúde mental de uma pessoa.
” Parem de compartilhar essas mentiras. Minha filha não tem nenhuma rede social. Vocês estão acabando com a vida dela.” Pediu a mãe da vítima ao publicar um vídeo antes da jovem se matar.
Os fundadores da página de fofocas ‘Choquei’, Raphael Sousa Oliveira, também têm uma responsabilidade significativa neste caso. Embora a página tenha sido inicialmente criada como uma fonte de entretenimento, ela se tornou notória por cobrir notícias do mundo real, muitas vezes sem verificar adequadamente a veracidade das informações.
“O perfil Choquei, por meio de sua assessoria jurídica, vem esclarecer aos seus seguidores e amigos que não ocorreu qualquer irregularidade na divulgação das informações prestadas por esse perfil. Cumpre esclarecer que não há responsabilidade a ser imputada pelos atos praticados, haja vista a atuação mediante boa-fé e cumprimento regular da atividade proposta.”
Finalmente, Whindersson Nunes, o humorista envolvido no boato, negou qualquer relação com Jéssica e afirmou que as supostas conversas entre eles eram falsas. Sua declaração destaca a necessidade de cautela ao compartilhar informações não verificadas, especialmente quando elas envolvem pessoas públicas.
‘’Estou extremamente triste. Voltei ao dia em que perdi meu filho. Que ninguém passe pela dor de enterrar um filho”, conforme mencionado na mensagem enviada ao perfil Rainha Matos.






