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Especialistas sugerem que as batalhas tecnológicas entre as grandes empresas e a concorrência dos cartões de crédito explicam o ataque norte-americano

Foto: Donald Trump Fonte: Pinterest

O sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, o PIX, chamou a atenção do Governo norte-americano numa investigação comercial que começou esta terça-feira (15) a pedido do presidente Donald Trump.

Num documento que formaliza o processo, a administração Trump não mencionou diretamente o PIX, mas referiu-se ao “comércio digital e aos serviços de pagamento eletrónico” prestados pelo Estado brasileiro. O PIX é o único sistema estatal com este propósito.

“O Brasil parece estar envolvido numa série de práticas desleais relacionadas com os serviços de pagamento eletrónico, como a de dar preferência a serviços de pagamento eletrónico desenvolvidos pelo governo”, afirmou o Departamento de Comércio dos EUA (USTR).

Para os especialistas entrevistados pelo G1, a preocupação com o combate às grandes tecnológicas e a concorrência das empresas americanas de cartões de crédito ajudam a explicar o ataque nos EUA. Mas disseram que não há nenhuma razão duradoura para questionar o serviço de pagamento.

De fato, o sucesso do PIX e o papel do Brasil como mostra pareceriam “prejudiciais” para a região dos EUA. Apontaram ainda que os receios de Trump também podem estar relacionados com o progresso do debate da Pix International e dos BRICS sobre as opções de utilização de dólares para o comércio.

Concorrência com a empresa Estados Unidos

Jorge Ferreira dos Santos Filho afirma que o PIX é gratuito para particulares e barato para empresas, o que significa uma concorrência feroz por parte das grandes empresas de cartões de crédito americanas, como a Visa e a MasterCard.

“Este sistema também concorre com as fintechs nos Estados Unidos. A regulação americana permite taxas de transmissão imediatas, mas no Brasil estas empresas têm de operar com PIX integrado”, afirma.

De acordo com o professor, essa regra permitirá que as empresas de alta tecnologia se beneficiem das taxas de transação, então elas precisam ajustar seus modelos de negócios em condições de possibilidade de perda de lucro. Esse cenário também afetará tecnologias de grande escala que fornecem serviços de pagamento, como o Google.

Para Ralph Germer, CEO da Pagbrasil, o PIX é um sistema tecnologicamente avançado que promove uma concorrência saudável no mercado. No entanto, ele não acredita que esse sistema contradiz diretamente os interesses americanos, e não acredita que justifique a investigação do governo dos EUA.

“O Pix não foi criado para competir ou substituir outros métodos de pagamento, como cartões de crédito. Desde que o sistema foi lançado, o número de outros métodos de pagamento aumentou, especialmente os cartões”, diz ele.

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