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TSE encerra julgamento e declara inelegibilidade de Jair Bolsonaro por oito anos

Na sexta-feira (30), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluiu o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e declarou que o ex-chefe de estado seria inelegível por oito anos. A votação terminou com 5 votos a 2 a favor da inelegibilidade de Bolsonaro. Walter Braga Netto, o candidato à vice-presidência na chapa de Bolsonaro em 2022, foi absolvido do caso.

Os ministros que votaram pela remoção do cargo foram Benedito Gonçalves (relator), Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes. Os ministros Raul Araújo e Nunes Marques foram votados.

Em seu voto pela inelegibilidade de Bolsonaro, Gonçalves argumentou que o discurso do ex-presidente no evento com embaixadores foi construído para espalhar informações falsas a fim de convencer os representantes diplomáticos de que havia um sério risco de fraude nas eleições de 2022.

Além disso, o ministro também afirmou que o ex-presidente desconsiderou o “material abundante” produzido pelo Tribunal em relação ao funcionamento das urnas eletrônicas, optando por exercer, na frente dos chefes das missões diplomáticas, a mesma prática discursiva usada em transmissões ao vivo para reafirmar a desconfiança no desempenho do Tribunal Eleitoral.

“Assim, também se conclui que houve uma ocorrência de abuso de poder político, perpetrado pessoalmente por Jair Messias Bolsonaro, que concebeu, definiu e ordenou a rápida execução de um evento estratégico para sua pré-campanha, na qual ele usou sua posição como Presidente da República, chefe de estado e ‘supremo comandante’ das Forças Armadas”, declarou Gonçalves.

VOTOS NA SEXTA-FEIRA

Na sexta-feira, os três ministros que anteriormente serviram na Suprema Corte Federal votaram: Cármen Lúcia, Nunes Marques e Alexandre de Moraes. A primeira a votar foi a ministra Cármen Lúcia, que afirmou que a Constituição estabelece que a normalidade e a legitimidade das eleições devem ser protegidas do abuso de cargos e funções públicas, bem como da mídia.

O próximo a votar foi o ministro Nunes Marques, que, durante sua votação, avaliou que as ações do ex-presidente na reunião com os embaixadores não visavam obter vantagens na eleição ou parte de uma tentativa concreta de desacreditar os resultados eleitorais.

De acordo com o juiz, mesmo que a reunião fosse considerada um ato ilícito, não parecia capaz de alterar o resultado ou a normalidade das eleições, mas apenas a gravidade das circunstâncias que caracterizaram o mandato do ex-presidente.

A análise do caso contra Bolsonaro foi concluída pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE. Ao apresentar sua decisão, Moraes afirmou que a reunião com os embaixadores tinha um “propósito claro de destruir a credibilidade do sistema de votação” e influenciar o eleitor a acreditar que eles estavam sendo vitimados por uma “conspiração do Judiciário para fraudar as eleições presidenciais”.

VOTOS ANTERIORES

Na sessão anterior do julgamento, realizada na quinta-feira (29), a sessão começou com o voto do ministro Raul Araújo, o primeiro a votar a favor de Bolsonaro. Araújo argumentou que o Tribunal Eleitoral deveria agir com “intervenção mínima” e afirmou que o discurso de Bolsonaro não teve efeito na eleição, citando dados sobre a participação recorde e as taxas médias de abstenção.

“O conteúdo do discurso teve pouco efeito em termos da suposta intenção de deslegitimar as urnas de votação; caso contrário, uma diminuição no número de eleitores teria sido observada”, afirmou ele.

O ministro descartou a prática de abuso de poder político e uso abusivo da mídia. Segundo ele, a reunião com os embaixadores foi um “atosoleno no qual o protagonista era o presidente, com os embaixadores como ouvintes, o que justifica o envolvimento da empresa pública”. A reunião com embaixadores em julho de 2022, que foi objeto da acusação, foi transmitida pela TV Brasil.

O terceiro a votar no julgamento foi o ministro Floriano de Azevedo Marques Neto, que ficou do lado do relator ao votar contra Bolsonaro. Seguindo o relator, Marques Neto argumentou que houve um “desvio de propósito” na reunião entre Bolsonaro e os embaixadores. Na opinião do juiz, o ex-presidente usou seus poderes para criar um “tipo de reunião diplomática”.

Além disso, de acordo com o ministro, houve um abuso de poder político pelo ex-presidente porque ele mobilizou todo o poder da presidência para emular sua estratégia eleitoral em seu próprio benefício.

“Portanto, para mim, o abuso e o uso indevido de autoridade são claros”, resumiu ele.

VOTO DE ANDRÉ RAMOS TAVARES

O último a deliberar na sessão de quinta-feira foi o ministro André Ramos Tavares. Segundo ele, houve um uso indevido da mídia para promover a reunião, e o impacto social do uso de redes digitais nesse contexto não deve ser subestimado.

“É sério quando o caos informacional prevalece na sociedade, e é ainda mais sério se este estado for planejado e decorrente de um discurso do Presidente da República”, afirmou ele.

Tavares também afirmou que Bolsonaro se beneficiou da liberdade de expressão para expressar ideias que atacavam a democracia e que o ex-chefe do Executivo questionou o sistema eleitoral brasileiro pelo menos 23 vezes em 2021, o que, segundo ele, não poderia ser ignorado.

 O ex-presidente de Jair Bolsonaro não se manifestou sobre o assunto até o momento.

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